Wednesday, October 18, 2006

Desvelo os portais das estrelas com a sua dourada chave.
E desde que a vida me propiciou essa descoberta, deixando esta porta aberta,
e me fia esta garantia na vida, querida,sofrida, decidida
Foi o fim da fria rima encardida de amor com dor...

Ser estar lado a lado, minha flor, 'tá comprovado
que o árduo rumo do resultado sonhado, apaixonado,
não permite economizar sendas, caminhos traçados
E o tudo se torna fácil, fácil como amar sem por e propor condições
Ah! flor do lácio, laços de nossos corações saudáveis, sim.

Saúde preocupa a mim amiúde pra mais poder por aqui estar,
primeiro pra ganhar dinheiro, quanto pude, quanto posso, quanto puder
Mas também pra sentir seu cheiro, por inteiro,
e poder começar tudo de novo,
fazer chocar ovo a ovo
da vida que reluz na dança, em segurança,
tendo ao lado VOCÊ.


Não posso tirar meu olhar de ti
aqui no ecrã do meu laptop, sorri
porque amor não tem idade, é pura felicidade, com imensa intensidade
que embriaga esta saudade
que embarga meu olhar.

E eu não consigo tirar meu olhar de ti,
meu doce rebento de rebento de semente.
Mio santo e dolce amore
meu amor tão lindo, que nunca sinto findo
o enlevo de te olhar.

Meu coração tão lindo,
bentos e rebentos desse amor
que exala essências celestiais
do âmago da mais linda flor,
é agudo, é punjente, é demais.

Vem papoula, vem pimpolha, linda,
que eu não sinto nunca findaa ternura de te olhar


Vigorosos vagalhões de tempestuoso vento
vergavam o longilíneo tronco do jovem broto de sequóia.
Naquele bosque, meio rarefeito, as lufadas trespassavam tudo,
a flexionar de forma extrema, rematada, a fundo,
a tênue rigidez do novo vegetal resoluto.

Papai sequóia, por mais que estendesse seus ramos,
temia, na paranóia, pela firme resistência do filhote,
que crescia na haste tensa, subia, cumpria planos.
Ser pai, nessas horas intensas, de pânico inconteste,
era de uma dor imensa, divino teste.

E a brisa, tornada vendaval, lufava e resfolegava
a malear aquele galho tronco de sequoiazinha,
E o pai, de rugoso tronco secular, se inclinava, desdobrava,
no tentame de proteger a verdejante criaturinha.

Até que o vertiginoso teste, prova, expiação, findou,
sem que a têmpera do tecido da sólida e maleável plantinha
tivesse dado margem a danos, a não ser a perda de uma que outra folha.
E o radiante sol raiou no horizonte que róseo se mantinha,
encandeando de multicores a fonte vital e seu derivado riachinho de seiva.

Dando assim por cumprido o julgamento sagrado
da missão, a todo título outorgada, de gerar rebentos
rijos, para tudo preparados, para vendavais e ventos
e o gozo perfumado dos jardins de flores cristais.
A enfrentar a vida em rutilante paz. Enfim, Pai.

(Dia dos Pais / 2006)

Monday, October 16, 2006


Eu te convido, vida,
a beber um sorriso de luz
um sopro de incenso
um gole de água cristalina
que brota da areia branca mais fina
e penetra profusa no sangue, na veia.
Tô te chamando, te amando, mulher
pra um passeio sem fim
ao centro deste jardim dividido
de antúrios, de margaridas,
de tantas alamedas floridas,
do orvalho no amanhecer
vontade de te trazer.
Eu te proponho, morena,
um beijo na flor da liberdade
uma lambida de uma língua
de fogo brilhante da eternidade.
Mostra o riso manso da alegria
vivendo o doce de cada fantasia.
3/11/80


Para onde?

Pronde vão todos esses carros, irmão
que não param de passar na avenida 7
que não louvam a luz do dia na cidade
que leva o nome do Salvador.
cidade que mesmo com luz já não salva,
apenas resgata a dor,
que depois exorciza.

Pronde vão todas pessoas
destino certo ameaça
é um destino que passa
com uma idéia que nasce
e só vai mesmo fazer bem.
Que não doa em quem doer,
por favor, por você.
Salvador, salva sua dor.
Expulsa!
14/10/81
Mz.


Penso em você
acordado
deitado
desocupado
apaixonado

não sonho com você – acho que a gente só
sonha com o que se preocupa.
sonhei com Paco – como está ele?
a sensação de
lhe ter
me dar
querer
amar
reconforta
aqui, sozinho, penso em você.
O pior é não saber por tanto tempo
tudo o que tenho a temer
mesmo sabendo de cor
que o medo é careta
que a vida é retreta
de amar e sofrer
viva e me deixe viver
mas o temor faz parte do amor
aparece na dor de um amargo ciúme
de um cortante gume
que eu tentei evitar
num gesto largo de
desprendimento e passei
de ciumento a novo rei
depois que acordei (me belisquei)
no santo momento em que te reencontrei.

Um, dois, três

assim como o chapéu de quem tem 3 pontas

tem 3 pontas meu coração.
Três amores, coisas santas,
vão comigo pro destino
certo, deste caminho aberto.

E o coração alado
ribomba, reflui, encontra, inclui
E faz-se um só o amor de dois, que flui.

Crisálidas, crisântemos, cristais
permeiam passos ladeando a luz
infinita que atravessa o espaço
e um jato reto se projeta
do além para o além mesmo,
que é tudo que é.

Um, dois, três
beijo a boca de vocês
Paco, Nina, pequeninos
sementes lançadas ao vento na pradaria
em busca da brisa, da água, da sombra,
ao sol em céu aberto.
Por certo encontrarão, é a fé,
vejo nos três anos de união.
1/10/77


O alento é tênue como o
sopro
mas ao coração marcado
é como o vento
que recolhe o pó e assenta
pra depois fazer outra poeira
e só a lua, serena testemunha,
silenciosa, que acorda a alma
dos namorados
faz do sopro pedra preciosa
esperança valiosa
que a brisa lança
na areia da praia deserta
que me abriga
12/10/80