Wednesday, October 18, 2006


Vigorosos vagalhões de tempestuoso vento
vergavam o longilíneo tronco do jovem broto de sequóia.
Naquele bosque, meio rarefeito, as lufadas trespassavam tudo,
a flexionar de forma extrema, rematada, a fundo,
a tênue rigidez do novo vegetal resoluto.

Papai sequóia, por mais que estendesse seus ramos,
temia, na paranóia, pela firme resistência do filhote,
que crescia na haste tensa, subia, cumpria planos.
Ser pai, nessas horas intensas, de pânico inconteste,
era de uma dor imensa, divino teste.

E a brisa, tornada vendaval, lufava e resfolegava
a malear aquele galho tronco de sequoiazinha,
E o pai, de rugoso tronco secular, se inclinava, desdobrava,
no tentame de proteger a verdejante criaturinha.

Até que o vertiginoso teste, prova, expiação, findou,
sem que a têmpera do tecido da sólida e maleável plantinha
tivesse dado margem a danos, a não ser a perda de uma que outra folha.
E o radiante sol raiou no horizonte que róseo se mantinha,
encandeando de multicores a fonte vital e seu derivado riachinho de seiva.

Dando assim por cumprido o julgamento sagrado
da missão, a todo título outorgada, de gerar rebentos
rijos, para tudo preparados, para vendavais e ventos
e o gozo perfumado dos jardins de flores cristais.
A enfrentar a vida em rutilante paz. Enfim, Pai.

(Dia dos Pais / 2006)

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